Eu já fui a “louca do Natal”, daquelas que gostava de tudo o
mais temático possível e que exagerava nos presentes. Eu amava Natal. Mas, me
entenda, não é que eu não curta mais, e sim, que ele significa outra coisa que
neste momento não conseguirei defini-lo em uma única palavra ou em palavra
composta.
A ausência da minha mãe e do Godofredo contribuíram para isso. Não fiz
do Natal uma data triste ou chata, pela primeira vez não expus nenhum enfeite
em casa, não montei árvore, não coloquei pisca-pisca e muito menos guirlanda.
Quem fosse à minha casa não perceberia o Natal lá porque ele não estava
presente. Entretanto, cumpri o protocolo direitinho, fiz a sobremesa e o
aperitivo para a noite, embalei presentes e me reuni com a minha família e a do
meu marido que agora é também minha família. Comemos, bebemos, trocamos
presentes, fizemos um divertido amigo secreto e eu segui sorrindo ao lado de
pessoas queridas e de uma das pessoas mais importantes da minha vida: Minha
Irmã.
Fiquei, porque não passou, com aquela sensação terrível de
falta, mas não deixei que isso me fizesse sofrer e detonasse a noite de Natal.
Os flashes das lembranças de natais passados vinham a todo o momento e eu não
deixei que isso me dominasse. Olhei a minha volta e estava rodeada de pessoas
que gostavam de mim e de minha irmã e que queriam a nossa presença ali.
Tive a consciência gigantesca de que nada é eterno nessa
vida, nada! O “para sempre” não existe e o que importa nesta vida são os
momentos vividos que se transformam em boas lembranças, que dependendo da nossa
sensibilidade poderemos sorrir ou chorar sentindo a mesma coisa: saudades.
Também aprendi (e continuo aprendendo), que a vida é muito breve, você pode falar com uma pessoa e dali cinco minutos ela se torna passado porque nunca mais ela estará ali para conversar com você, para abraçar você... Mas ela permanece dentro de você, nos momentos compartilhados que se tornaram lembranças, em uma comida, um lugar, uma música, uma cor... A pessoa e tudo que ela representou permanece viva dentro da gente.
Léia Viana